quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Arroz doce

Fui criada até á idade dos 5 anos com os meus avós maternos. As minhas mais belas recordações de menina são dessa altura. Lembro-me que brincavam comigo como se tivessem a minha idade. Não havia mais crianças da minha idade a morar perto portanto para alem de serem os meus avós/pais também eram os meus melhores amigos. Os ralhetes eram sempre dados duma forma tão carinhosa que mais pareciam conselhos. As nossas saídas eram poucas mas sempre muito alegres. Íamos quase todos os dias ao campo. Ia aos pulinhos e regressava cansada em cima dum carrinho puxada pelo meu avo onde vinham também as "nossas" colheitas. A minha parte era sempre bem visível. Vinha no topo como um troféu. A outra saída era ir á missa com a minha avó. Sabia todas as rezas, todos os cantos. Adorava acompanhar os adultos nas suas entoações de vozes, nas pausas, cantava sem enganos! Era o orgulho dos meus avós e eles o meu! Éramos imensamente felizes com uma vida cheias de coisas simples, sem grande valor material mas repletas de amor, respeito e admiração mutua. Fui levada para França pelos meus pais que eram estranhos para mim. Conheci uma parte da minha família que nunca o tinha sido. A minha vida mudou radicalmente. Deixei de ser a Nandinha, passei a ser a Nanda, a mais velha de duas irmãs, com responsabilidades... Com apenas 6 anos já ia buscar a minha irmã ao infantário e tinha que fazer o almoço para as duas. Era uma familia estranha, um pais estranho com uma lingua estranha. Era tudo estranhamente frio e distante. Foi difícil e duro, muito duro. Só podia voltar a ser a Nandinha quando regressava um mês por ano a casa dos meus avós. Então voltava a ser a menina deles. Cresci triste mas sempre com a esperança dum dia regressar de vez. O que acabou por acontecer 10 anos mais tarde. Um dia a minha avó pouco antes de partir para sempre deu-me uma grande prova de amor. Puxou-me para um canto da sala e deu-me um embrulhindo feito de linho branco. "guardei-o estes anos todos com muito carinho..." Abri. No seu interior uma roupinha de bebé "foi a tua 1ª roupinha!" Ambas ficamos com os olhos cheios de lágrimas muito comovida. O tempo tinha voltado para traz. Era uma camisolinha interior e um vestidinho, ambos imaculadamente brancos, tão delicados... . Abracei a minha avó e guardei-os religiosamente como se de um tesouro se trata-se. A minha filha usou-os quando era bebé, ficava tão linda! Tenho a esperança dum dia os poder vestir aos meus netos. Foram-se ambos quase vinte anos. Mas no meu coração ainda estão bem presentes. O meu pensamento voa até eles vezes sem conta. Para mim são os meus anjos da guarda, aqueles que cuidam de mim e da minha família zelando para que nada nos aconteça. dias vinha tão envolta nos meus pensamentos que passei um semáforo sem dar por isso. Senti algo, como que um daqueles ralhetes/conselhos, parei pouco centímetros ante de embater dum carro. Foram os meus anjinhos da guarda tenho a certeza. Sinto-os presentes no meu coração, na minha alma, no mais profundo do meu ser. O nosso carinho uns pelos outros era tão forte que uma simples barreira física não é, nem nunca será suficientemente forte para nos afastar! Hoje em sua homenagem vou deixar vos o arroz doce da minha avo. Não sei se era bem assim que ela o fazia pois esta é a receita da minha sogra que tem passado de gerações em gerações. Mas sempre que o como lembro-me do que ela fazia em dias de festa. Portanto para mim é o arroz doce da minha avó


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-1 medida de arroz carolino (como medida uso geralmente uma tigela de sopa)
- 1 (a mesma) medida de açúcar
- 1 medida de água
- 3 1/2 medidas de leite
- açúcar baunilhado a gosto
- casca de limão
- pau de canela
- pitada de sal
- 5 ou 6 gemas
- 1 boa colher de manteiga
Numa panela deitar a agua, o arroz e a pitada de sal. Levar ao lume mexendo de vez em quando até que a agua fique quase completamente evaporada. Acrescentar o leite, a manteiga, o pau de canela e a casquinha de limão (só o vidrado). Deixar cozer o arroz. Se achar que está muito seco junte um pouco mais de leite quente. Quando estiver quase cozido, juntar o açúcar e o açúcar baunilhado. deixar que o açúcar esteja bem envolvido e derretido. Retirar a casca de limão e o pau de canela. Juntar as gemas batidas com um pouquinho de leite e passadas por um coador. Atenção esta operação é muito delicada pois não se devem deixar cozer os ovos. Deita-se em travessas ou em pratinhos individuais ou ainda melhor em tigelinhas de barro, fica mais típico. Enfeita-se com canela em pó ou para ser mais original pode-se completar a decoração com 2 pauzinhos de canela pequeninos atados com um fiozinho feito de casca de limão.
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Apreciação: Sou suspeita quando digo que o resultado é sempre óptimo, o coração também fala... Mas em casa quando faço é sempre um grande sucesso. Nada melhor do que experimentarem ;)
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Fonte: Receita dada pela minha sogra, passada de gerações em gerações :)

9 comentários:

Anónimo disse...

Há alegrias, mágoas e sentimentos que nos acompanham toda a vida!
Não sei que mais te hei-de dizer, amiga.
Um grande beijo

Ti Caty disse...

Faço um arroz doce muito parecido com o teu e é sempre uma delícia. Mas diz-me como é que tu tiras estas fotos fantásticas, que deixam sempre água na boca. BJS

Célia disse...

Olha Nanda o teu arroz ficou divinal, quado casei não sabia fazer, aprendi não havia semana que não tivesse arroz doce hoje " incrivel" NÃO CONSIGO COME-LO.

Branca disse...

eu posso afirmar q esse arroz doce é divinal ........sou suspeita .....adoro arroz doce e ...pronto tu sabes....
:)
beijinho grande

Smas disse...

Bem, que vontade de ir já para casa fazer esse arroz... mas não posso... Vou roubar um bocadinho!
O que eu adoro arroz doce!
Bjs

Anónimo disse...

Nanda, o teu blog é muito bom... em todos os sentidos. Já agora quanto de água é que metes no arroz.
Obrigado.

Sandra

Anónimo disse...

Depois de ver bem a receita vi que afinal tinha lá a quantidade de água. Peço desculpa.
Fiz no sabádo e toda a gente gostou. Estava muito bom.

Obrigada e beijinhos.

Sandra Matias

Nanda disse...

Querida Fátima,
sei que entendes muito bem o que sinto...

Querida Ti Caty,
As fotos é sempre .- Deus queira que fiquem bem. As vezes quer outras nem por isso hihihihih

Querida Celia,
Eu tb sou assim um pouco. Qd gostamos faço até cansar depois fartamo-nos. Deixo de fazer. Passado algum tempo já me lembro novamente e toca a repetir tudo outra vez hihihihhi

Querida Branquinha,
Ahhhh pois sabes;)

Querida Smas,
força! :)

Querida Sandra,
Tinha mesmo esquecido da agua. Já corrigi. Obrigada. Ainda bem que gostaram. Fico toda vaidosaaaaaa

Beijinhos para todas e muito obrigada pelos v/comentários. Smackkkkkk

guidinha disse...

Nanda é mesmo o teu arroz é delicioso fiz e o marido ke é tao eskisito com o arroz doce adorou, ja guardei a recita...sempre que fizer vai ser o teu...

beijinhos e continua com estás fotos e receitas delicioas